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Portugal como desígnio de si próprio

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Política

2.    A Política

O debate de ideias deve ocupar um lugar central na vida do Partido. O PS tem de aprofundar o debate sobre o seu papel na sociedade portuguesa no século XXI e o seu relacionamento com os outros partidos congéneres na Europa e no mundo.
O Socialismo Democrático é a matriz ideológica do Partido Socialista. Em tempos de crise como o actual, é necessário que PS acentue a sua condição de partido de causas sociais, através de um debate ideológico que, partindo da sua vocação reformista, intente resolver os grandes problemas do presente e lance as condições da sociedade do Futuro.
Há um debate que urge fazer, sem complexos nem dogmas, mas tendo como referência a nossa matriz ideológica: perante a crise que ameaça o Estado Social, devemos lançar o debate sobre o papel da Economia, tanto no sector privado quanto no sector público.
Perante a desregulação do mercado, que levou a esta crise financeira sem precedentes, com reflexos económicos, sociais e eventualmente políticos, na própria concepção das democracias liberais, os partidos socialistas europeus, incluindo o português, devem proceder a um debate profundo do seu papel no restabelecimento e defesa do contrato social inerentes à nossa ideia de Europa Social, que a Direita neoliberal pretende descaracterizar e até destruir.
O Estado Social na Europa é um compromisso entre a democracia cristã e a social-democracia, o socialismo democrático. Relegada hoje a democracia-cristã para plano secundário pelos partidos populistas ou populares, aos partidos do socialismo democrático e da social-democracia cabe o papel essencial de defender o Estado Social, tanto mais que, à nossa esquerda, se situam partidos imobilistas, para quem qualquer tipo de reforma é visto como uma cedência ideológica aos conservadores.
Mário Soares escreveu recentemente: “Chegou, pois, a hora do socialismo democrático se repensar, refletindo coletivamente sobre o que representa ser hoje socialista, não só em palavras, mas, sobretudo, no domínio das realizações e dos comportamentos. Despir-se, definitivamente, da ganga do conservadorismo neoliberal, descobrir novos horizontes sociais que deem esperança às pessoas, retomando os valores éticos, dignificando o trabalho e valorizando as transformações sociais necessárias e possíveis, num mundo em mudança acelerada […] Para o PS português, é o momento, também, de fazer uma reflexão aprofundada. Para dar um novo impulso à sua participação na vida política (independentemente do Governo), com mais idealismo socialista e menos apparatchiks, mais debate político e menos marketing, mais culto pelos valores éticos e menos boys que só pensam em ganhar dinheiro e promover-se, enfim, mais voltado para o futuro e menos para o passado. É que um PS dinâmico, pluralista e voltado para o futuro - que a sociedade civil respeite e admire - faz falta a Portugal e ao Governo”.
É esse o debate urgente: devolver aos partidos socialistas e ao socialismo democrático o papel fulcral na construção de uma Europa da cidadania com uma identidade social própria que sempre foi modelo para todo o mundo. 

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