A grande síntese do Socialismo Democrático
Disse Milan Kundera que Beethoven escrevia as suas sonatas sonhando vir a ser o herdeiro de toda a música europeia, desde o seu início. Este sonho de fazer a síntese de duas épocas anteriores, aparentemente inconciliáveis, atingiu a sua plena realização nos compositores do modernismo, em particular Schhonberg e Stravinsky. Este texto ensaístico de Kundera é excelente para servir de base a uma paráfrase metafórica do objectivo dos socialistas que, desde sempre, aspiram a chegar à grande síntese da justiça social, tendo como linhas vectoriais a Liberdade que garante a Igualdade e a Igualdade que não sufoca a Liberdade.
Quando os regimes comunistas se desagregaram, ficou provada que, em nome da Igualdade, se havia sufocada a Liberdade e que ambas se haviam perdido, justamente porque a procura da síntese e do ponto de equilíbrio entre as duas é constante e nunca se fixa. Hoje, ao que assistimos, é o sufoco da Igualdade em nome de uma pretensa liberdade económica que não foi regulada e que, depois de criar as imensas desigualdades práticas dos cidadãos, ameaça colocar em causa as próprias liberdades políticas.
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