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segunda-feira, 21 de março de 2011

A crise liberal não se resolva com receitas neoliberais


Já é público que sou o primeiro subscritor de um Moção de Orientação Nacional ao próximo Congresso Nacional do PS. Sei as dificuldades em que o actual Governo da República, no actual contexto europeu, e sem maioria absoluta no parlamento, enfrenta para resolver a grave crise da dívida soberana em vários países e que tem como alvo o euro.
Não se resolve a crise neoliberal com receitas neoliberais. A estabilidade social e laboral dependem de uma economia competitiva e saudável depende da estabilidade laboral e da motivação dos trabalhadores. Da mesma forma, a estabilidade das famílias e o crescimento demográfico não se resolvem com incentivos financeiros efémeros, mas com um emprego estável para os jovens. Para não falar no comportamento ganancioso dos próprios bancos que dificilmente concedem crédito a quem não tem um vínculo efectivo no emprego.
A ideia peregrina de suspender o Estado Social, os direitos laborais e socais até que a crise se resolva é socialmente injusta e economicamente inviável, soma crise à crise como estamos a ver. Por isso, entendo que é no quadro dos valores do Socialismo Democrático e não do neoliberalismo que está a solução da crise. Defendo, portanto, na minha moção, a reposição, atempada, dos salários dos funcionários públicos antes do corte; a criação de um imposto extraordinário sobre a banca e as petrolíferas; o reexame e eventual renegociação das PPP (parcerias públco-privadas), a moralização dos vencimentos dos gestores, públicos e privados, tendo como referência o salário do Presidente da República e outras medidas com a certeza de que a crise se resolva com uma visão social e de esquerda da economia e não com perdas de direitos sociais da classe média e dos trabalhadores. Com coerência ideológica e estratégica.

Artigo de opinião publicado no DN, 22.02.11

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